Lesão do Ligamento Cruzado Anterior

A reconstrução desse ligamento é uma das cirurgias mais comuns. A sua ruptura ocorre após entorse no joelho e gera, consequentemente, instabilidade e sobrecarga de outras estruturas. O LCA tem como função a restrição da translação anterior da tíbia (osso da perna) e limitação da rotação externa nos primeiros 30º de flexão do joelho, posição muito requisitada nos esportes que trocam de direção a todo momento como futebol, futevôlei, jiu jitsu e outras lutas de um modo geral.

Quais são as estruturas mais sobrecarregadas após a lesão do LCA?

As estruturas mais sobrecarregadas são os meniscos e as cartilagens que recobrem a articulação. O menisco tem várias funções, mas a principal é agir como um amortecedor do joelho. No joelho com a ruptura crônica do LCA, os meniscos (principalmente o medial) ficam sobrecarregados e passam a agir como limitadores da translação anterior da tíbia, por isso também se lesionam ao decorrer do tempo.

Qual é o tratamento para a Lesão do LCA?

O tratamento da Lesão do Ligamento Cruzado Anterior nem sempre será cirúrgica. Alguns pacientes praticam atividades físicas que não demandam função do ligamento. Nesses casos, apenas a musculação, a perda de peso e o controle do gestual desportivo sãos suficientes.

Para pacientes que praticam atividades com troca de direção e salto, o ligamento é fundamental. Nesses casos, a cirurgia realizada é a reconstrução dele. Fazemos dois microacessos ao redor do tendão patelar e um acesso mais abaixo para a retirada dos enxertos. O mais comum, é utilizarmos os tendões da pata de ganso, chamados também de flexores. São eles: semitendineo e grácil. Criamos túneis ósseos que tem o diâmetro do enxerto e o passamos através. O enxerto tem como função ser uma espécie de ‘ponte’ para a regeneração do Ligamento Cruzado Anterior.

Como é o pós operatório?

A maioria dos pacientes tem um alívio importante da dor nos primeiros 7 dias. Começamos a fisioterapia no dia seguinte a cirurgia! A fisioterapia é fundamental no processo e ajuda demais os pacientes a retornarem de forma melhor e mais precoce as atividades. A reabilitação para retorno ao trabalho depende da função, é algo muito personalizado! Pacientes que trabalham em ambientes mais burocráticos que têm uma facilidade ao se deslocar, podem retornar ao trabalho em até 3 meses. Para atividades homeoffice, é liberado trabalhar de acordo com a necessidade. Trabalhos que requerem maior vigor físico ou um deslocamento constante, o retorno deve ocorrer em 4 meses.

A liberação para a musculação, com algumas restrições, já ocorre no terceiro mês. A partir do 4º mês já não há limitações para a musculação. Corridas e trotes também são liberados no 4º mês. Já saltos e atividades mais intensas com troca de direção, nós liberamos a partir de 09 meses após a cirurgia. Antigamente se liberava ao 6º mês, mas foi observado que índice de reruptura era alto. Acreditamos que o ligamento se torna semelhante ao original após 9 meses, por isso modificamos a conduta.